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Toda a Gente a Fugir para a Frente

by João Berhan

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    Caixa de cartão em quatro painéis com as letras das canções.
    A arte é do Pedro Botelho (cargocollective.com/pedrobotelho).
    Edição de autor com o selo da Páreas (cargocollective.com/pareas).

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1.
o sérgio o chico o zé mário o samuel o jorge o bernardo o nuno o manel o pedro o lobo o tigre também o cão o coelho o filho da mãe artistas dentistas domadores de leões bombeiros pirómanos polícias ladrões o doente o pobre o preto o branco o pai o filho e o espírito santo o apostólico o abstémico o crente o ateu o tio panteísta o agnóstico e eu os mártires as virgens maomé jesus o pau de cabinda e o prego da cruz as ninfas os ninfomaníacos vários os púdicos sem púbicos de joelhos missionários o maricas o macho o facho fascista o forte o fraco a fufa o fadista o néscio o tonto o bruto o poeta o cego o surdo o mudo o profeta o bêbado o triste o louco o anormal o morto-vivo o vivo o mortal
2.
Tiro no Pé 04:58
Por cada palavra que canto um flamingo parte a perna de apoio na lama da savana É como dar um tiro no pé e gabar a pontaria É como ter insónia de dia e ainda assim beber café
3.
Sei que um tal de Peter Pan até rima com o meu nome mas voar e usar colãs e não crescer e passar fome é vida de marinheiro, o que é uma contradição ser pirata borralheiro e ter mais que um coração Esquece a Dama e o Vagabundo, o Papuça e o Dentuça que da cama acorda Bela antes que a Esmeralda tussa (a vaca do Pateta, não a cigana da saia que enfeitiçou o Corcunda e o deixou morrer na praia) Não sou Pequena Sereia, Linguado ou Sebastião preto para Branca de Neve, grande para sétimo anão São só sonhos de menino, que queres tu que eu faça? Tenho cara de Aladino, não tenho alma de Mufassa Um mundo ideal para mim três desejos, imagino ser para sempre Aladino e tu seres o meu jasmim
4.
Babel 04:32
Sonhei com o dia em que fugia da aldeia desaforrava o pé-de-meia e embarcava no batel que era galé, navio com vela de moinho aportando de caminho na cidade de Babel Aquela língua não vinha nos dicionários toras, bíblias, prontuários nada tinham para dizer Ouvi dizer que para sentir o teu sintoma falar o teu idioma tinha de te rescrever Não sabendo se davas abelhas ou mel subi à torre de Babel para me perder em tradução e lá do alto o amor não era um lugar estranho a vida tinha outro tamanho sem tamanha solidão No tempo entre calar e consentir eu dei-te tempo de fugir temendo o medo de temer Confundiste-me com bom entendedor meia palavra, meu amor bastou para te desentender Não sabendo se eras alma que não morre voltei a subir à torre para perceber depois que aquele mundo era no fundo moribundo haveria um mais profundo que monólogo a dois Se me encontrares, destraça a perna e para a linguagem traça um plano de viagem que me dê uma nova cor que a coerência não faz parte dos meus planos tenho vinte e quantos anos? Já nem sei morrer de amor Afaga a lâmpada, apaga a lamparina se o meu escuro te ilumina e não tens nada a perder vais ensinar o ancião sobre essa sina assina o peito da menina e assassina a mulher
5.
Com todo este património, sapato chique a valer não me chamarão campónio, não me saberão esquecer Botão de punho, anel na mão, servem-me o fato e a gravata construí o meu brasão com pedaços de sucata O sonho que à frente punha era a nata querer prová-la com a fome que na unha, com as notas que na mala Há quem ganhe, há quem lute e luta enquanto eu ia pondo mais champanhe no teu flûte, puta da Conde Redondo Desculpa, minha querida não te quis fazer sofrer Na verdade, nesta vida nunca fui quem queria ser Queria até ser artista de bolero ou patinagem sou um homem progressista, tolero a paneleiragem que o meu puto era maricas e fui eu que achei por bem inscrever na sua lápide aqui jaz filho de alguém O meu pai não era o louco de lá de Campo de Ourique chiça, penico, chapéu de coco, bateu as botas altas e stick padeceu de falecimento pendurado na parreira destinou-me em testamento um pulmão e uma carreira Já despachei a madame para Cuba de viagem será cicerone de certame de cenas de alta cilindragem Queria uma porca à mesa que o fosse também na cama calhou-me esta lady tesa, quando transa diz que me ama Queimei o extracto bancário das minhas contas na Suíça alienei o nosso erário para fugir à Justiça Se hoje sou do jet set quando ainda ontem era trolha entre a hipoteca e o sabonete, venha o diabo e escolha Não me olhes a meia haste, faz-te cúmplice, de resto sempre me consideraste relativamente honesto Procuram-me em toda a parte, condenado há mais de um ano mas se os homens são de Marte dão-me asilo em Urano que a Terra perdeu encanto, considero até Plutão Entretanto, no entanto, canto mais uma canção
6.
Batata Frita 03:30
Tô pa lá de Bagdá pá tô pa lá de Islamabá pá tô na rua toda nua roendo batata crua olha a lua pá tá longe no entanto pá tá perto tipo grande tipo fixe mais ou menos tipo ao certo como soja e tofu vou à loja como tu mas as minhas sapatilhas são de ervilhas e bambu no Verão fui de inter-rail pá Europa de Leste na backpack o kit freak que levei pó Sudoeste é do grande capital a culpa que o planeta seque é pecado capital mas até curto um big mac tô pa lá de Bagdá pá tô pa lá de Islamabá pá tô aflita tô sem guita pa pedir batata frita no meu menu natura pretensamente frita
7.
Gigante 03:45
Três dias após degolarem o anão pedia o gigante que lhe dessem mais tempo a criança de bibe de trazer pela mão tremia de frio, temia o vento - Mamã, serei trolha, de andaime em andaime de trato educado e perfil elegante - Se comeres as batatas, prometo-to, Jaime deixar-te assistir a esfolar o gigante O piloto drogado o avião despenhado e a gordura em pedaços dos braços chiando E o cego ao Chiado nem olhos nem fado com a candura em delírios nos lírios sangrando
8.
Bairro Alto 05:28
Em Boa Hora os teus corações só por um segundo bateram no fundo renderam ao mundo as suas condições Se não queres abrir a caixa de pandora enfeita a saudade no Poço da Cidade diz meia verdade e manda-me embora De corpo descalço em terra Queimada nem pedras do chão nem palmas da mão nunca saberão a minha morada Se a rua acabou e não lhe vês fim não fiques à Espera canta como a Severa que eu, queimando a quimera caibo dentro de mim Amanheces diferente, indiferente ao torpor culpas os Inglesinhos por não teres mais vizinhos que os corvos nos ninhos e o ébrio cantor Dá-me a mão, que eu não te falto sê quem sabes só num salto no Bairro Alto Se temos fé em sermos ateus converte-me à pressa e paga a promessa de que só na travessa és Fiel a Deus
9.
Despe-me o couro talha-me em ouro destina-me um talhão no Douro Esquece o passado desenterrado cai noutra tentação no Sado O meu caminho faço-o sozinho honra-me a solidão no Minho Segue o cortejo se é teu desejo enterra-me o caixão no Tejo
10.
Entrelinhas 03:45
Explica como essa canção se sou tão solicitada e como não te dar a mão quando estou tão desamparada Nunca como nos teus abraços esperei compreensão mas procuro noutros braços esperança e redenção que o nosso amor nunca foi morno, tem contorno quente e frio o que chamas dor de corno é o riso derramando o rio Nas metáforas encerro esquecer como quem pode que a tua língua sabe a ferro e me pica o teu bigode O regresso é um retrocesso, mas confesso-me perdida se te minto é um labirinto, já me sinto de saída Voltaste a tecer a trama no pretérito imperfeito mas ficaste tu com a fama, eu fiquei com o proveito Da viagem talvez vá lembrar a cor que tu não tinhas é a vantagem de saber dizer amor nas entrelinhas
11.
Naftalina 03:54
Acorda, a corda não te amarra, o que achas que é saudade são risos de verrugas, rugas da terceira idade que o bom das bodas não é Deus, a missa ou o arroz é no teu dedo de noivado o anel ser quem o pôs Embora agora a casa cheire a sopa e naftalina ainda me rendo às rendas da tua roupa de menina De sono, o Outono faz a cama às flores do jardim Se te queimar a chama do fogão, chama por mim Enxuga o enxoval, borda no linho o algodão se são já sete os netos que como teus filhos são Se dura na moldura a dura cara de avô limpa-me o pó, pendura-me, amanhã já cá não estou Embora agora a casa não me lembre da menina ainda me rendo às rendas e ao teu cheiro a naftalina

about

Gravado e misturado entre a Primavera e o Outono de 2011 em meia garagem a Cascais. Gravações adicionais no Inverno de 2012 em quartos de Lisboa e Leipzig. Masterizado e produzido por João Berhan.

O Tiago Galvão bateu as palmas e tocou a bateria e as percussões com sereno desassossego. O André Galvão tocou um obstinado contrabaixo e um impecável baixo eléctrico. A Teresa Campos trouxe na trouxa a graça, a voz e o gengibre. O Ricardo Ribeiro cantou o clarinete como canta o melro depois da chuva. O José Serrano, menino d’oiro, tocou o trompete em duas faixas e ensinou-me a despir outras nove. Todos me aturaram estoicamente, tramaram arranjos e fizeram seus os meus lamentos.

Eu escrevi e compus todas as canções, cantei-as como soube, toquei as violas e a guitarra eléctrica, o piano de lá de cima, o farfisa de cá de baixo, o piano electrónico, o tecladinho bebé, o harmónio, a melódica azul, o xilofone amarelo, o estilofone, o cavaquinho português e o cavaquinho havaiano, as caixinhas de música, mais palmas, as panelas e as restantes percussões. Também me cheguei à frente nos coros, no caril de legumes e nas misturas e masterizações estereofónicas.

O Pedro Botelho, ilustre ilustrador, abdicou do seu salário milionário de artista e cuidou deste disco como se fosse seu filho.

credits

released June 23, 2012

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João Berhan Portugal

Canções, amor, paternidade, sintaxe.

João Berhan, nome artístico do revisor de texto João Berhan, editou o primeiro disco de canções em 2012 e o segundo em 2018. Cumprindo um rigoroso plano sexenal, já está a trabalhar no álbum de 2024. ... more

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