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Roupa Nova

by João Berhan

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    Caixa de cartão e livro com as letras das canções.
    Desenhado pela Maria Vidigal (instagram.com/mariavidigal_ilustracao).
    Edição de autor.

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1.
Roupa Nova 05:42
Se algum dia te faltar leva a seca ao teu quintal com dois garrafões de sal seca as mãos ao avental abandona Portugal se algum dia te faltar Nalgum canto de Brasil há quem cante diferente mente para toda a gente como não lhe ardesse o ventre de plantar uma semente nalgum canto de Brasil Pra deixar o rio passar antes do tremor da idade cai no Carmo, na Trindade desce à rua da Saudade abre as portas da cidade pra deixar o rio passar Pela sombra da azinheira vai à manifestação amanha o peixe, amassa o pão leva o puto pela mão aprende a dizer que não pela sombra da azinheira Exercita o coração colhe tudo o que semeias antes da época das cheias antes que mudes de ideias quem sabe dormir a meias troca a letra da canção
2.
Falas de revolução trazes um cravo na mão Sabes que a insurreição cabe a alguns, a outros não Concretiza a tua dança tempestiva de bonança prende o cravo na tua trança porque não? Falas de revolução trazes um cravo na mão Mas a emancipação é questão de educação Tu, tal qual a Gabriela cheiras a cravo e canela crava o cravo na lapela porque não? Habitação educação saúde e pão e vinho Na habituação à situação beber mais um copinho Saúda então o grande irmão não há outro caminho E no edredão sonhar em vão revolução sozinho Falas de revolução trazes um cravo na mão Lá vens tu com o teu quinhão mas nem tudo é comunhão Vens segura, não formosa a luta é poesia, não prosa faz do cravo a tua rosa porque não?
3.
Monotonia 04:02
Bom dia, Portugal, vim vasculhar o teu diário limpei o cu ao jornal, agora sou panfletário o otário que embrutecia, à noite, sonha com o dia a cotovia morreu de hilária monotonia Na junta de freguesia, nem há bichas, há filas é tanto o medo da orgia como o pudor em pedi-las Gorilas prá chungaria, antes do fado, a anarquia nos becos da Mouraria caiada de anestesia Ouvi na telefonia Vou cantar à Maria Pão-nosso de cada dia Um dia passa a agonia De que vale a euforia, dizem que a luta é alegria Maior a revolução, maior a sua entropia Marquem lá a eleição, sou cidadão por um dia à noite, a televisão, a depressão, a azia Escolher qual celebridade enquanto atenas ardia Na Atenas da Antiguidade também há pedofilia sodomia, verdade, o povo quer é sangria vende a sua liberdade plo carro, pla moradia Vomita publicidade, engole o prato do dia faminto de caridade, esmola e pornografia Com tanta fotografia, é farra, é festa, tem graça que seja mais na desgraça que a gente sente empatia Se tamos todos de tanga, despimos calças de ganga bailemos bongos com o bonga, toquemos tangos da tanga traguemos té da candonga, alonga a sunga e a tanga tragamos truques na manga, aqui quem manda é Ipiranga
4.
Ditadura 03:11
Vem ter ao Bairro Alto que eu assalto pla manhã Erguer a ditadura uma aventura em Tetuã Eu quero a bastonada uma estalada do imã Esta falocracia amolecia Gengis Khan A câmara da câmara a filmar Leviatã De cócoras, de quatro oitenta e quatro orwelliano No quarto, ela cora o outro chora pla mamã É tempo do amor e faz calor nos meus colãs É o nosso acordo eu não te acordo e tiro o sutiã Deixa-me estraçalhada derramada no divã Curo-te o priapismo em exorcismo de Djavan Só eu te deixo exausto o amor é fausto pra Berhan Morde-me o naco na calçada, fraco a pedra chã Tá posta, a mesa a toalha, tesa a posta barrosã Nesta fartura nem limpei a dentadura sã Vem à pendura da censura mas segura o tchan Amnistia a factura o papa, o cura ou o xamã Rasura a assinatura a arquitectura da fajã Não tem futuro, a cultura a literatura é vã Espreita pla fechadura a quadratura do ecrã Não sou a tua cura quem te atura? nem sou fã Tanta amargura, jura queres ternura? pede à irmã Que eu tou madura da licenciatura em guronsan Já disse, a dita é dura eu quero a tua cintura a dita dura e dura e dura
5.
GCN 03:30
Tenra idade, adolescência dei-te um livro de moral pr’antes de teres consciência distinguires o bem do mal Não é que estejas corrompido plo pecado original o baptizado foi cumprido na revista social Topas de Platão tanto quanto de Agapito Sabes bem da divisão entre o feio e o bonito Esmerei na educação mais do que admito Há que ter um filho nobre pra ter um filho rico Rico filho é possidónio, pais agora são avós E essa postura de Sidónio Pais? Gente como nós Casa-te com um homem que te ame numa herdade Se não te amar sempre tens a caridade O pobrezinho, pobrezinho só tem falta de vontade e perpetua a ingratidão desta consanguinidade Sabe-lhe apelido não vá ser um pé descalço Ninguém quer para marido um novo rico, um queque falso E se tá na moda comer bolos no Careca não te livras de uma foda disfarçada de uma queca O meu reduto é um gueto cascalense e uma casa na Foz Deixo impoluto o futuro p’ró que vence Gente como nós Saber falar como gente como nós Pra trabalhar para gente como nós Enfim casar entre gente como nós E ir a enterrar junto a gente como nós
6.
Ó Bernardino, volta à terra dos teus pais aonde dizes que se vem para morrer A noite é negra, mas há noites bestiais A gente canta, a gente dança, a gente bebe pra esquecer Ó querido, não esqueças a serra nem o mar tens na bagagem uma côdea a endurecer A vida é dura, mas faz-me o gosto em voltar Essa viagem demora a compreender Ó companheiro de aventura, vem viajar Dessa cidade vê-se um caminho interior Se cá na terra há pouca terra pra moirar a tua enxada moirará o teu amor Ó meu amor, do outro lado, sabes quem guardou o teu lenço bordado numa mão? Na outra, dinheiro contado para alguém que te salve desse quarto com vista para o saguão
7.
Roupa Velha 05:15
De tanto se entregar, perdeu direito ao seu retrato em cima da lareira e ainda para mais deixou de ter cadeira à mesa nos natais e agora aqueço o bacalhau que não comeu Ligaste em brasa à meia-noite pra fazer meia desfeita, roupa velha de Dezembro Dou-te a receita ou do que dela ainda me lembro Só me acordas quando estou para adormecer Não me perguntes plo cabelo a encanecer Não vês que a minha voz é casa assombrada? que apenas um de nós a quer deixar trancada com roupa velha, entrelinhas por coser Trama complexa, só não sei se a sinto só Só incensei sua graça infinita Se a desconvexa almofada a viu aflita fio de cabelo nela é tela de Miró E agora tens-me a explicar como essa canção Já percebeste, isto é só arqueologia Desenterrei mais uma inútil melodia Pra embalsamar a história do meu coração
8.
Enxaguado 03:24
Na Lisboa que estremece já nada é o que parece como dizia o cantor Quanto mais vibrante o dia mais sinto que se esvazia menos ouço o seu rumor Perdoou-me esta franqueza mas teimou em ser francesa e conselhos, não lhos dei Para mal dos seus pecados dediquei-lhe um dos meus fados que é o único que sei Quando um sismo de verdade derramar sobre a cidade euforia sepulcral pergunta com voz serena se a saudade vale a pena se tudo é pedra afinal E toda a população vem ver vindo o vagalhão enxaguar o frenesim mas eu, que a vejo da janela não hei-de chorar por ela se ela não chorar por mim

about

Gravado pelo Nuno Morão e o John Klima no Scratch Built. Gravações adicionais minhas no quarto do costume. Misturado pelo Eduardo Vinhas no Golden Pony. Masterizado pelo Harris Newman no Grey Market Mastering. Ilustrado, gravado e desenhado duma ponta à outra pela Maria Vidigal.

Imaginado, tocado e cantado por mim (voz, guitarra eléctrica, viola, cavaquinho, piano, teclados, percussões electrónicas, chocalho, ovinhos, estalinhos, barulhinhos e coros), pelo Diogo Picão (saxofone tenor e soprano, voz e coros), pelo Ricardo Ribeiro (clarinete baixo e soprano, teremim, estalinhos, ferrinhos e coros), pelo Baltazar Molina (dohola, prato, guizos, estalinhos e coros) e pelo Miguel Gelpi (contrabaixo e coros). Teresa Campos (voz e coros) gentilmente cedida por ela própria.

Eu escrevi e compus as canções. A Ditadura e a Revolução foram erguidas a meias com o Picão. Os arranjos dos sopros são obra dele e do Ricardo. A teia das vozes foi urdida pela Teresa. O quentinho que tudo segura vem das mãos do Baltazar e do Miguel. As cornetas em esteróides na Serra da Lapa saíram da cabeça do Manuel Brito. O Enxaguado enfada o samba do Último Desejo, do Noel Rosa, e pisca o olho ao Sérgio Godinho. A Serra da Lapa faz-se à do Zeca. Todas as outras se fazem a outras quaisquer.

~

À saúde do Picão, à certeza do Ricardo, à franqueza do Baltazar, à surpresa do Miguel, ao acalanto da Teresa.

À Maria, por saber esperar seis anos para me ouvir cantar outra vez.

Ao Agostinho, pela mica do lalá.

credits

released May 25, 2018

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about

João Berhan Portugal

Canções, amor, paternidade, sintaxe.

João Berhan, nome artístico do revisor de texto João Berhan, editou o primeiro disco de canções em 2012 e o segundo em 2018. Cumprindo um rigoroso plano sexenal, já está a trabalhar no álbum de 2024. ... more

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